domingo, 1 de fevereiro de 2009

Crônica:

COISA DE LOUCO...

Sempre achei que fosse capaz de escrever sobre qualquer COISA.
Resolvi testar-me neste respeito e ao decidir-me por uma COISA, a COISA me pareceu fácil. Mas eu estava imaginado COISAS...
Depois de tentar por COISA de uma hora, descobri que “uma COISA é uma COISA e outra COISA é outra COISA!” (Que COISA não?)
O pior é que essa COISA começou a me incomodar.
Tentei tirar a COISA da cabeça, pensar em outra COISA, mas não deu...
Comecei a sentir COISAS estranhas e percebi que as COISAS estavam ficando pretas.
Parecia COISA feita.
Novamente tentei convencer-me de que a COISA não tinha tanta importância, que eu não precisava provar coisa nenhuma, essas COISAS...
Pensei: “Se eu desistir da COISA, o que é que tem?”
“Muita COISA!” respondeu meu ego. Foi aí que me ocorreu uma COISA:
Se o que me motiva a levar essa COISA adiante é pura e simplesmente agradar o meu ego - aí tem COISA!
Por isso definitivamente resolvi deixar a COISA como está para ver como fica.
Acho que é a COISA certa a fazer.
Apenas estou comunicando minha decisão para que a COISA fique devidamente registrada.
Sei lá, talvez não seja lá grande COISA, e pode ser até que, para quem não entende da COISA eu nem esteja dizendo COISA com COISA, no que podem ter razão.
Mas uma COISA eu garanto: mudei de idéia sobre essa COISA de ser capaz de escrever
sobre qualquer COISA.
Posso ver as COISAS com mais clareza e até quero dizer uma COISA para quem pensa
a mesma COISA: Cuidado com a COISA que a COISA não é brincadeira!
Descobri isso quando, entre tantas COISAS fui escolher como tema sobre o qual discorrer justamente essa COISA: a COISA!
COISA de louco!

(Pedro Ornellas)

Provérbio:

Estrada esburacada atenção redobrada.

Pedro Ornellas

Pensamento:

Uma grande jornada se conquista com pequenos passos.

Pedro Ornellas

Soneto:

Este meu soneto é especial, no final explico por quê.

I M A G E N S

O trilho, a casa, a fonte o pé de amora,
o pasto, a roça, as nuvens no horizonte...
a passarada festejando a aurora
e o sol fugindo, rubro, atrás do monte!

A casa, o trilho, o pé de amora, a fonte,
o quarto pobre onde eu sonhei outrora...
o atalho, a tulha, o terreirão defronte
- e esta saudade pela vida afora!

A fonte, o pé de amora, o trilho, a casa,
e a dor imensa que meu peito abrasa
crivado pelos dardos da lembrança...

O pé de amora, a fonte, a casa, o trilho,
imagens que eu guardei - doce estribilho
que me transporta aos tempos de criança!

Pedro Ornellas
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Este soneto tem simetria perfeita. Note o 1º verso:o trilho - a casa - a fonte - o pé de amora1. Leia em sequência o primeiro termo de cada estrofe, dealto a baixo). O mesmo se dá com os demais termos.2. Leia em sequência de baixo para cima o último termo dos 1ºs versos.3. Leia de trás para a frente o 1º verso da última estrofe.4. A sequência dos últimos termos do 1º verso, de alto a baixo é igual à do 1º verso da última estrofe.5. Nos 1ºs versos há inversão perfeita:1. o trilho a casa / 2. a casa o trilho3. a fonte o pé de amora / 4. o pé de amora a fonteNos dois últimos termos acontece o mesmo, confira:a fonte o pé de amora / o pé de amora a fonteo trilho a casa / a casa o trilho

TROVAS ESCOLHIDAS

Quando tropeço não ligo
nestas andanças que eu faço;
Deus olha o rumo que eu sigo
não a elegância do passo!

Novo rumo, despedida...
e ao pressentir minhas dores,
a paineira entristecida
chora lágrimas de flores!

Sinto, em meu quarto, sozinho,
a Deus pedindo conselhos,
que a gente cresce um pouquinho
sempre que dobra os joelhos!

Sinto, obrigando a vontade,
quando a saudade se apronta,
que na conta da saudade
minha vontade não conta!

Pede em vão quem vira as costas
a quem vive horas incertas...
muito mais do que mãos postas
Deus prefere mãos abertas!

Resto do sonho que um dia
não previu restos, nem fim,
um resto de fantasia
sustenta o resto de mim!

O acerto, sim, amedronta!
Mas creio que estamos quites:
para os meus erros sem conta
Deus tem perdão sem limites!

Quando a vida é um desafio,
prossegue, calcando as mágoas...
Muda-se o curso de um rio
nunca o destino das águas!

Se o erro ficou distante
seja pleno o teu perdão;
não se cobra ao diamante
seu passado de carvão!

O bom pastor que se prove
pela forma sugerida:
deixando as noventa e nove,
buscando a ovelha perdida!